quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

13*

"Escrevo-te para te dizer que estimo bem que tu te fodas. 
Quem consegue amar em duplicado não ama ninguém. Quem consegue dividir o amor não merece que me multiplique em nome dele. 
Ou se ama tudo ou é uma merda de nada.
Dizes que há que perceber o amor para perceber o que amas. E eu não percebo. O que se ama, lê com atenção, não se percebe – é essa, provavelmente, a grande dificuldade de entendimento entre nós. Tu queres que eu perceba o que só se sente e eu quero que tu sintas o que só consegues perceber. 
Quando se ama com a cabeça não se ama coisa nenhuma. 
Há uma outra mulher no teu caminho, uma outra mulher a resgatar os teus braços. Pedes que compreenda, pedes que entenda que há que ser altruísta para pode armar. 
E eu estimo bem que tu te fodas. 
Não sei para que existe a palavra egoísmo se já existe a palavra amor.
Amar é singular. Singular. Lê bem: singular. Único. Só um. Só aquele. Só o que ocupa tudo e não deixa nem um fiozinho de fora, nem uma migalhinha à vista. Fiz-te singular e fizeste-me plural. É isso o que nos separa. É uma questão de gramática, de matemática, até. Mas até o amor merece que todas as contas sejam feitas. E no final o resultado de eu + tu é eu sem nada. Eu dolorosamente e ainda assim orgulhosamente sem nada.
Antes mulher solitária do que totó solidária.
Não te partilho com ninguém. Não me partilho com ninguém. Quando sou, sou por inteiro, quando sou, sou eu inteira no que me vem inteiro. E tantas vezes já te disse nunca e depois voltaste e eu voltei. Não me considero fraca por ainda acreditar que voltas, que voltarás mais uma vez, com esse olhar que me despe do mundo e me dá a vida. E quando voltares vais dizer «vem, que hás só tu». E tudo o que peço, tudo o que desde sempre te peço, é isso: que haja só eu. Que seja só eu. «Vem, hás só tu», dirias, e todo o meu corpo se abriria para te deixar entrar, e o abraço aconteceria e todos os sofrimentos fariam sentido. 
Amar é saber que até os sofrimentos podem fazer sentido. 
Não voltaste. Ainda não voltaste. E parece que desta vez foi de vez. Estarás vendido entre os outros braços das outras mulheres que te aceitam em pedaços. E eu aqui estou, em pedaços mas inteira, à espera de que percebas que isto que nos une é um privilégio tão grande que tem de exigir exclusividade. Se não voltares, não te preocupes comigo. Vou continuar a mesma apaixonada de sempre no lugar de sempre, à espera do homem de sempre. Até que chegue, lentamente, alguém que me ensine a desprogramar-te de mim, a diluir tudo o que tenho de ti por dentro do que me sustém. Até lá serei tua e ninguém terá sequer o direito de me olhar em pleno. É essa a minha decisão final. Mas depois da minha decisão final vem a tua. A decisão é tua. Sempre tua.
Ou vens já, ou recuso-te para sempre.
P.S.: Estimo bem que tu te fodas. 
E amo-te."

Pedro Chagas Freitas. in "Prometo Falhar"

Foi bonito, à 6 anos. Amo-te sempre. 

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017



"Sei um ninho
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho, 
tem la dentro um passarinho 
novo. 

Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro nem o ensino.
Quero ser um bom menino
e guardar 
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar..."

Miguel Torga. 

Bia, (meu amor) #1


Fofinha,
(eu sei que não gostas que te chame de Fofinha, mas hoje apetece-me)

            Sempre dissemos que adoramos aeroportos, lembro-me de quando te levei a Paris pela primeira vez, não me lembro de te ver tão excitada com a ideia de andar de avião.       
Disseste que adoravas aeroportos, porque só trazem momentos felizes – viagens ansiadas, viagens prometidas, regressos e reencontros.
Não pensamos nunca na tristeza que ele nos poderia dar, a impotência de ter que largar as tuas mãos, ainda frias (desculpa Fofinha, por não as ter aquecido hoje), como te prometi, vou no avião com as tuas gargalhadas no meu ouvido, com o teu corpo no meu pensamento e com o teu coração encostado ao meu.
            Mas sempre à espera do nosso final feliz na imensidão da tristeza do aeroporto.

                                                                                                            Com Amor,

                                                                                                                           L.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Para a minha Luisa *

"Há pessoas que Deus coloca na nossa vida para nos dar paz. Que nos empurram para o melhor de nós, que nos guiam para o caminho do bem, pessoas que são sorrisos em dias feios, suporte quando parece faltar o chão. Pessoas que pensam e repensam em jeitos de nos fazer bem, que se preocupam e demonstram. Pessoas que são abraços, mesmo de longe, e a certeza que tudo vai dar certo, que emprestam o coração para morarmos e que plantam pensamentos bonitos nos nossos dias."

E eu tenho uma Luísa que é assim. E quem tem uma Luísa assim, tem tudo ❣


Retirado de: ás nove no meu blog. 

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Não é um lugar, é um sentimento.




"Esse teu ar grave e sério 
Num rosto de cantaria
Que nos oculta um mistério
Dessa luz bela e sombria. (...)"

Rui Veloso; Porto Sentido

Uma espécie de comer, orar e amar.

Escrita e fotografia, duas paixões que, por vezes por preguiça, não lhes dou tanta atenção.
Vai daí, surgiu a ideia de criar um blog, onde publicarei fotos minhas com textos meus, ou de autores que vão ao encontro da descrição ou sentimento que a foto transmite e onde pelo menos uma vez por semana, irei publicar a fotografia de um amigo com uma palavra, escolhida pelo próprio, e um texto sobre essa palavra (e/ou, com sorte uma fotografia que represente a mesma).